segunda-feira, 2 de junho de 2014

A MEDIUNIDADE SOB INVESTIGAÇÃO: VALE A PENA LER!







Avanços da ciência da alma- Uma pesquisa inédita usa equipamentos de última geração para investigar o cérebro dos médiuns durante o transe. As conclusões surpreendem ele funciona de modo diferente.
Denise Paraná, da Filadélfia, Estados Unidos.

Estávamos no mês de julho de 2008. Na rua 34 da cidade da Filadélfia, nos Estados Unidos, num quarto de Hotel Penn Tower, um grupo seleto de pesquisadores e médiuns preparavam-se para algo inédito. Durante dez dias, dez médiuns brasileiros se colocariam à disposição de uma equipe de cientistas do Brasil  dos EUA, que usaria s mais modernas técnicas científicas para investigar a ontroversa experiência de comunicação com os mortos. Erm médiuns psiográficos, pessoas que se identificavam como capazes de receber mensagens escritas ditadas por espíritos, seres situados além da palpável matéria que a ciência tão bem reconhece. O cérebro dos médiuns seria vasculhado por equipamentos de alta tecnologia durante o transe mediúnico e fora dele. Os resultados seriam comparados. Como jornalista, fui convidada a acompanhar o experimento.Estava ali, cercada de um grupo de pessoas eu creditavam ser capazes de construir pontes com o mundo invisível. Seriam eles, de fato, capazes de tal engenharia?
A produção de exames de neuroimagem (conhecidos como tomografia por emissão de pósitrons) com médiuns psicógrafos em transe é uma experiência pioneira no mundo. Os cientistas  Júlio Peres, Alexandre Moreira-Almeida, Leonardo Caixeta, Frederico Leão e Andrew Newberg, responsáveis pela pesquisa, garantiram o uso de critérios rigorosamente científicos. Punham em jogo o peso e o aval de suas instituições. Eles pertencem as Universidades federais de Juiz de Fora, da Universidade Federal de Goiás e da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia. Principal autor do estudo, o psicólogo clínico e neurocientista Júlio Peres, pesquisador do programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade (Proser), do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de mediina da USP, acalentava a ideia que a experiência espiritual pudesse ser estudada por meio da neuroimagem..

PELA PRIMEIRA VEZ, O CÉREBRO DOS MÉDIUNS FOI INVESTIGADO COM OS RECURSOS MODERNO DA NEUROCIÊNCIA.

Em frente ao Q.G. dos médiuns do Hotem Penn Tower, o laboratório de pesquisa do Hospital da Universidade da Pensilvania estava pronto. Lá o cientista Andrew Newberg e sua equipe aguardavam ansiosos. Médico, diretor de pesquisa do Jefferosn- Myrna Brind Centro de Medicina Integrativae Especialista em neuroimagens de experiências religiosas, Newbweg é autor de vários livros, com títulos como Biologia da crença e princípios da neurotelogia. Suas pesquisas são consideradas uma referência mundial da área. Ele acabou por se tornar figura recorrente nos documentários que tratam de ciência e religião. Meses antes, Newberg escrevera da universidade da  Pensilvânia ao consulado dos EUA, em são Paulo, pedindo que facilitasse a entrada dos médiuns  em terras americanas. O consulado foi prestativo e organizou um arquiv especial com os nomes dos médiuns, classificando-os como “protocolo paranormal”.
“É conhecido o fato de experiências religiosas afetarem a atividade cerebral. Mas a resposta cerebral à mediunidade, a prática de estar supostamente em comunicação com ou sob o controle do espírito de uma pessoa morta, até então nunca tinha sido investigada”, diz Nebewrg. Os cientistas queriam investigar se havia alterações específicas na atividade cerebral durante a psicografia. Se houvessem, quais seriam? Os dez médicos, quatro homens e seis mulheres, participavam do experimento voluntariamente. Foram selecionados no Brasil por meio d uma longa triagem, Entre os pré-requisitos, tinham de ser destros, saudáveis e não TR nenhum tipo de transtorno mental e não usar medicações psiquiátricas. Metade dos voluntários diziam carregar décadas de experiência no “intercâmbio espiritual”. Outros, menos experientes, apenas alguns anos.
Na Filadélfia, antes da experiência começaram os médiuns passaram por uma fase de familiarização com os procedimentos e o ambiente do hospital onde seriam feitos os exames. Os experimentos só certo se os médiuns estivessem plenamente à vontade. Todos se perguntavam se o transe seria possível tão longe de casa, em um hospital em que se podiam perguntar se o Dr. Gregory House, o personagem de ficção interpretado pelo ator inglês Hugh Laurie, não apareceria ali a qualquer momento.

Numa sala com aviso de perigo, alta radiação, começaram os exames. Por meio do método conhecido pela sigla Spect ( Single Photon Emision Computed Tomografy, ou Tomografia Computadorizada de Emissão de Fóton Único), mapeou-se a atividade do cérebro por meio do fluxo sanguíneo de cada um dos médiuns durante o transe da psicografia. Com a tarefa de controle, o mesmo mapeamento foi realizado novamente, desta vez durante a escrita de um texto original de própria autoria do médium, uma redação sem transe e sem “cola espiritual”. Os autores do estudo partiam da seguinte hipótese: uma vez que tanto a psicografia como as outras escritas dos médiuns são textos planejados e intelegíveis, as áreas do cérebro associadas à criatividade e ao planejamento seriam recrutadas igualmente nas duas condições. Mas não foi o que aconteceu. Quando o mapeamento cerebral das duas atividades foi comparados os resultados causaram espanto.

Segundo a pesquisa, a mediunidade pode ser considerada uma manifestação saudável.

 Surpreentemente durante a psicografia os cérebros ativaram menos as áreasrelacionadas ao planejamento e à criatividade, mbora tenham sido produzidos mais complexos do que aqueles escritos sem “interferência espiritual”. Para os cientistas, isso seria compatível com a hipotese de que os médiuns defendem: a autoria da psicografia não seri deles, mas de espíritos comunicantes. Os médiuns mais experientes tiveram menor atividade cerebral durante a psicografia, quando comparada à escrita dos outros textos. Isso ocorreu apesar de a estrutura narrativa Ser mais complexa nas psicografias que nos outros textos. No que diz respeito a questões gramaticais, como o uso do sujeito, verbo, predicado, capacidade de produzir texto legível, compreensível, etc.
Apesar de haver varias semelhanças  entre a ativação cerebral dos médiuns estudados e pacientes esquizofrênicos, os resultados deixaram claro também que aqueles voluntários não tinham esquizofrenia ou qualquer outra doença mental. Os cientistas sfirmam que a descoberta de ativação de mesma área cerebral sublinha a a importância de mais pesquisas para distinguir entre as dissociações ( processo em as ações e comportamentos foge da consciência) patológica e não patológica. Entre o que é e o que não é doença, quando alguém se diz tocado por outra entidade. Os médiuns estudados relataram ilusões aparentes, alucinações auditivas, alteração de personalidade e, ainda assim, foram capazes de usar suas experiências mediúnicas para tentar ajudar os outros. Pode haver, portanto, formas saudáveis de dissociação.Uma das conclusões a que os cientistas chegaram é que a mediunidade envolve um tipo de dissociação não patológica, ou não doentia. A mediunidade pode ser uma expressão comum à natureza humana. Essas conclusões, que ÈPOCA antecipa na edição que chegou às bancas na sexta-feira (16) foram divulgadas na revista científica americana Plos One. O estudo neuroimagem durante o estado de transe;uma contribuição ao estudo da dissociação tem acesso gratuito desde sexta-feira, 16, no endereço eletrônico dx. plos.org/10.1371/ journal.pone.0048360.

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