sábado, 11 de janeiro de 2014

Lamento de uma cigana ( Jurema)

imagem da internet


Ai, meu senhor, tenha piedade de mim!...
Olhe meus pés feridos das andanças pelo mundo,
veja minhas mãos calejadas do trabalho sem reconhecimento
que, muitas vezes, precisa ser vendido acima do valor
pois para o senhor o meu tesouro nada vale, nem um lamento!
Veja, branco gadjô
a minha sina, o meu penar
nasci livre como o vento
sem pátria e sem documento tenho no mundo o meu lar
Canto cantigas que ninguém entende
pois não sabem que é um lamento o meu canto de amor.
Tenho por irmã a chuva
que me lava o sofrimento, me acalma a alma
O mundo é o meu lar
onde posso minha cabeça cansada pousar.
Meu irmão, nobre senhor, é o dia que me traz a alegria
das cantigas perdidas no silêncio de um simples lamento...
Ai, meu senhor, tenha piedade de mim!...
Sou apenas uma cigana que vive a vagar
vivo por todo este mundo sem amarras a me segurar
amo as cores, os sons, os sabores
Tenho o poder de saber coisas que não posso mudar
tenho poucos sonhos e tantos lamentos...
Triste sina!
Sou apenas uma cigana e apenas peço-te piedade
em troca nada posso oferecer
pois meu tesouro se limita ao meu canto, minha liberdade e
meu lamento! 

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