terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A lenda do cigano de olhos azuis. Jurema Maria Nogueira,

 
imagem da internet.
 
 
 
Espanha! Andaluzia! Terra de sons e cores! Terra da alegria e do amor! Nesta  linda  terra uma Tribo de ciganos acampou nos arredores das cidade e logo começaram os dias dentro de seus preceitos e de suas tradições. Haviam muitos jovens ciganos no acampamento e tudo era festa, desde a venda de  um tacho de cobre até um bom assado no jantar. Viviam cantando, viviam dançando e isto  trazia alegria aos jovens e felicidade aos velhos. Tudo ia bem, o vento soprava aliviando o calor, as noites eram estreladas, tudo perfeito.
Muitos casais já estavam arranjados, conforme o costume. E não foi diferente com Vladymy e anaha, ambos de origem russa, o que os fazam ainda mais misteriosos. O jovem cigano Vlady, como era chamado, era muito galante e sedutor com seus olhos negros e profundos, dominava com maestria os cavalos, não só dominando-os mas, também comerciando-os. Anaha, ciganinha delicada de pela alva e lindos cabelos cacheados dançava com mais leveza do que todas. Mas, apesar da aparente felicidade do jovem casal e da alegria das famílias com o compromisso, nem tudo era brilho de ouro, nem tudo era perfeito como deveria ser, pois Anaha não tinha amor pelo noivo mas aceitava-o já que o costume sempre fora cumprido com sucesso. Porém, o coração da jovem cigana não conhecia o amor. Gostava de ser a prometida de Vlady pelo respeito que ele tinha de todos por sua aparência, sua coragem e força, o que o fazia o melhor candidato entre todos os jovens do acampamento sendo que o jovem cigano era muito seguro de si e muito vaidoso.
Numa noite de lua cheia, após um dia em a dinheiro foi ganho com fartura, na negociações dos ciganos e na leitura da buena dicha das ciganas, enquanto o assado rodava no fogo e a bebida esquentava os corações, animada música fez-see ouvir, com homens tocando vários instrumentos. As ciganas batiam palmas com animação, quando a cigana mais velha começou uma linda dança, que parecia desenvolvida por uma jovem e não por uma senhora já com a idade avançada. Após alguns minutos ela se aproximou de uma cigana e dançaram juntas lindamente. Após, cada uma se aproximou de outras duas ciganas e assim foi até que todas as ciganas estivessem dançando, tornando a noite uma festa de cores, sons, cheiros e alegria.
A noite ia alta e as estrela já se retiravam do céu quando um cavalo  invadiu o acampamento  causando surpresa e temor. Afinal, sofriam muitos atentados e eram vítimas de crueldade de toda sorte, na maioria das vezes durante o sono ou durante as festas, quando por causa da bebida ficavam vulneráveis. Por isto, os ciganos mais afoitos pegaram sua armas e se colocaram em guarda enquanto as mulheres se protegeram em suas barracas. Porém, algumas ciganasm entre ela Anaha ficaram entre o cavalo e um barranco, encurraladas. O cavalo, assustou-se e empinou, deixando cair um fardo no chão, Todos correram e perceberam que o fardo era um gadjô ferido, muito ferido.
Anaha olhou para o gadjô e um estremecimento lhe percorreu o corpo, jamais esqueceria aquele olhos azuis.
O resto da noite reuniu-se os ciganos idosos para decidirem o que fazer: ajudar o homem ou levantar acampamento e deixa-lo a própria sorte. Depois de muita discussão, uns temiam que ao ajudar o homem fossem acusados de sua morte, pois o mesmo estava muito ferido e provavelmente não se salvaria, por isto deveriam levantar acampamento; outros entendiam que podiam ajudar e, independente do resultado podiam cobrar de alguém os gastos com a ajuda ao homem, pois isto seria uma dívida de honra, até para os gadjôs. Na votação, o grupo que pretendeu ajudar ganhou e o homem foi colocado na barraca do líder, pois seria necessário cuidar de sua segurança.
Poucos dia após, o homem recuperou-se e contou que estava em uma viagem de negócio e foi assaltado por bandoleiros e teve os bens roubados, com um grande prejuízo pois vinha de uma viagem de negócios de compra e venda de ouro para fabricação de joias. Informou que os que faziam a sua segurança estavam todos mortos.
 Durante o tempo em que o homem esteve com o ciganos estes não fizeram festas, por não aceitavam que os gadjôs se encantassem ou tivessem interesse em seus costumes e observassem sua mulheres. Porém, mesmo assim em poucos e raros encontros entre o homem, Henrique e a cigana Anaha o amor nasceu e ficou maior do que o coração de ambos.
Vlady  tudo percebia e plantou a semente do ódio em seu coração. Não quis levar seu problema ao conselho dos anciões prque sabendo da posição do negociante podia ser que alguns votassem para o casamento deste com Anaha mediante de uma grande quantidade de ouro como indenização ao povo e aos seus pais. Não! Isto, não! Queria Anaha nem que fosse para odiá-la o resto da vida!
Então, certo dia, Vlady viu uma cena que jamais sairia de seu coração e que o fez odiar cada vez mais Anaha, que segundo a crença cigana era a culpada por tudo o que acontecia: Vlady assistiu uma cena de amor entre o casal apaixonado e não sabia que eles pretendiam fugir na próxima lua cheia, pela madrugada, quando a claridade seria uma aliada.
Porém, em seu ódio, ficou paralisado e ficou observando os beijos apaixonados, os olhares, as carícias e teve que fazer muito esforço para não mata-los ali mesmo, abraçados. Ouviu quando se despediram e a cigana saiu na frente, rumo a barraca da família enquanto Henrique ficava deitado na relva estendendo aquele momento de amor.
Vlady aproximou-se em silêncio e empunhando o punhal assassinou o gadjô, que surpreendido, não deu um gemido. Enterrou o corpo perto dali, porém, antes arrancou o coração do homem e o guardou com cuidado.
Por dias e dias procurou-se o homem. A cigana não podendo revelar o seu segredo, calou-se pensando que naquela noite, a primeira de amor entre eles, Henrique teria fugido para não cumprir a promessa de leva-la com ele.
Vlady tornou-se cruel e ameaçou Anaha de denunciá-la ao Conselho caso ela não se casasse com ele conforme a tradição e queria  de fosse rápido. Sem alternativa a cigana casou-se com Vlady na  1ªlua cheia, dia em fugiria com Henrique. Apesar de toda a alegria de todos seu coração tremia de dor, pensando ter sido abandonada pelo seu amor. Foi quando Vlady lhe trouxe uma carne muito bem temperada e assada e ela comeu , embora sem apetite.
Naquela noite, sonhou com Henrique que lhe disse ter lhe deixado dois pedaços de si: um filho e seu coração!
Anaha deu a luz a um lindo menino que, estranhamente para todos, mas não para ela e para Vlady, tinha os olhos azuis.
A vida de Anaha foi proteger seu filhinho do ódio de Vlady, pois embora diversas vezes tivesse pedido perdão e tentado explicar que amara Henrique sem ter planejado ou desejado, jamais foi entendida pelo marido, que tornou-se um cigano amargo e agressivo, a quem todos evitavam.
Pelos cuidados da mãe o menino, Dnyel, cresceu e se tornou um lindo cigano, diferente de todos por causa de seus lindos olhos azuis e cabelos acastanhados. Dizem que Santa Sara, compadeceu-se da vida de dores de Anaha e pediu a Jesus que lhe desse muitos descendentes: todos ciganos de olhos azuis.
 
( História da cigana Jurema)  

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