Salve Deus.
Em meados da década de 70, a Mediunidade de Tia Neiva chamou atenção do Brasil e do mundo, atraindo muitas pessoas para Planaltina-DF-/Vale do Amanhecer pelos mais variados motivos. Entre estas pessoas acorreu ao vale do Amanhecer Ana Lúcia Galinkin, que á época necessitou realizar uma tese de mestrado e escolheu o vale do Amanhecer para ser objeto de seus estudos acadêmicos, surgindo a monografia " A Cura no Vale do Amanhecer, tendo os estudos sido por pesquisa de campo, ou seja, a pesquisadora frequentou o Vale e agora, 30 anos depois publica seus estudos no formato de livro, que vale pelos registros históricos relevantes.
O livro pode ser adquirido facilmente na internet ao preço de R$ 35,00.
Há um trecho da obra que Galinkin nos apresenta e que dá um retrato fiel dos primeiros habitantes do Vale do Amanhecer e suas reais condições de sobreviv~envia, conforme abaixo se lê:
Habitantes, vida econômica e social da comunidade.
Um recenseamento organizado pela ordem religiosa em 1974, um ano antes da pesquisa de campo, identificou um total de 250 habitantes- além das 40 crianças do orfanato- distribuídos em 60 residências, sendo 126 dessas pessoas maiores de 18 anos, 42 na faixa etária entre 10 e 18 anos e os demais 88, menores de 10 anos.
Das entrevistas que realizei aleatoriamente com 70 habitantes adultos foi possível delinear algumas características dessa população. Quanto à procedência regional, encontrei pessoas vindas, em sua maioria, do Nordeste (36) e Centro- Oeste do país (30). No que se refere ao nível de instrução, 20 eram analfabetas, 18 tinham o curso primário incompleto, 15 tinham colegial incompleto, quatro o colegial completo, e outras 13 informaram saber ler e escrever. De todas elas, apenas 10 não eram médiuns desenvolvidos na doutrina ali praticada mas pelo menos um membro de cada família era adepto da ordem religiosa.
Sobre as atividades econômicas dos entrevistados, 20 exerciam atividades domésticas na própria residência, 13 prestavam serviços dentro da comunidade como domésticas, costureiras, cabelereiras, pedreiros, prestadores de serviços gerais esporádicos; 20 não tinham emprego definido e prestavam serviços fora do Vale; 15 tinham emprego fora do Vale e 8 eram aposentados por doença ( dos quais 6 prestavam serviços eventuais). Destes entrevistados, 12 já pertenciam à ordem religiosa antes do seu estabelecimento no Vale do Amanhecer.
com respeito ao padrão de vida dos habitantes do Vale pode-se dividi-los em dois grupos distintos. De um lado, um grupo menos numeroso de pessoas de nível médio de instrução, com emprego fixo ( alguns funcionários públicos em Brasília), cujos salários permitem casas mais amplas e equipadas com mobiliário doméstico e comodidades de consumo tais como aparelhos eletrodomésticos- algumas até proprietárias de carros. Dentre estas, os familiares dos líderes da comunidade. Do outro lado pessoas analfabetas ou apenas alfabetizadas sem emprego fixo, vivendo em casas cujo conforto não ia além de uns poucos e rústicos equipamentos domésticos. A maioria destas acompanha a Clarividente desde a comunidade que foi instalada na Serra do Ouro, antes da criação do Vale.
A comunidade nada produz para seu sustento, exceto roupas rituais, sendo abastecida pelas cidades próximas. cada família vive independentemente, não havendo redistribuição da renda ou fundos de auxílio aos mais necessitados. A ordem religiosa é mantida pela renda obtida através da oficina de costura, que fabrica as roupas rituais, de lembranças para serem vendidas, da participação na exploração do restaurante, da lanchonete, da livraria e de uma pequena oficina mecânica, além da contribuição voluntaria dos médiuns, que em junho de 1976 era CR$ 10,00 ( dez cruzeiros), e de eventuais contribuições de membros mais ricos da ordem religiosa.
A vida social se desenvolve naquela comunidade como em um bairro de periferia ou vila de subúrbio de cidades brasileiras. Enquanto a maioria dos maridos saem para trabalhar, as mulheres ficam no Vale cuidando dos afazeres domésticos, visitando-se vez por outra, ajudando-se quando há festa, trocando favores. As crianças da creche, quando não estão em aula, brincam pelas ruas com os filhos dos outros habitantes ou no pátio do orfanato ou assistem à televisão em cores em um salão nas dependências do orfanato, sentadas em bancos de madeira. Algumas crianças das famílias de maior renda frequentam escolas em Planaltina, entre elas os familiares da Clarividente. Quando há festa de aniversário de alguma criança, filha de um dos habitantes do Vale ou residente no orfanato é sempre pretexto para se fazer um baile infantil, quando as crianças brincam e dançam ao som de músicas da moda. ÀS vezes esses bailes são feitos de forma espontânea pelas crianças do orfanato, sem nenhum pretexto aparente. Em algumas ocasiões, moradores do Vale vão ao Plano Piloto de Brasília assistir filmes, jantar, visitar parentes e fazer compras. Observa-se certa agitação entre os membros da comunidade nas vésperas das grandes solenidades, quando as roupas rituais têm que ser preparadas, o templo ornamentado, enfim, providências devem ser tomadas. Alguns médiuns não-residentes, que se propõem a ajudar nos preparativos vêm, então, ao Vale em horários não habituais.
A comunidade é dirigida pela Clarividente e pelo secretário geral da Ordem Espiritualista Cristã, a partir de um código informal de lealdade e reconhecimento consensual de autoridade e liderança. A atribuição de responsabilidades e tarefas é privilégio do casal de líderes. Os habitantes acatam tais determinações bem como a interferência dos líderes em seus problemas pessoais. Certo número de pessoas se aproxima dos líderes prestando-lhes favores pessoais e recebido em troca privilégios de autoridade menor. A maioria dos habitantes, entretanto, mantem-se distante, participando apenas dos trabalhos religiosos, não interferindo no destino da comunidade ou da ordem religiosa.
A cargo dos filhos e genros de Tia Neiva ficam assuntos de ordem comunitária como problemas no relacionamento, designação de área para habitantes, planejamento habitacional, ligação de luz elétrica para residências, funcionamentos de cantinas, manutenção da ordem. As decisões consideradas importantes, entretanto, são tomadas pelos líderes.
Desde sua mudança para a área atualmente ocupada, a direção da Ordem Religiosa não mais aceitou médiuns residentes, abrindo exceção para casos muito particulares, limitando, assim, o número de habitantes da comunidade. Um projeto de construção de casas de alvenaria estava sendo iniciado em 1976. Algumas dessas casas estavam sendo construídas pelos já residentes que se responsabilizavam pelos custos das obras,. Outras estavam sendo custeadas pela Ordem, que pretendia vendê-las ou aluga-las para médiuns que vivem extra-muros, que poderiam passar temporadas ou apenas finais de semana no local. Em março de 1977, várias dessas casas já estavam prontas e habitadas por membros já residentes, em substituição às suas casas de madeira.
A Cura no Vale do Amanhecer- pag. 38 a 41.
Habitantes, vida econômica e social da comunidade.
Um recenseamento organizado pela ordem religiosa em 1974, um ano antes da pesquisa de campo, identificou um total de 250 habitantes- além das 40 crianças do orfanato- distribuídos em 60 residências, sendo 126 dessas pessoas maiores de 18 anos, 42 na faixa etária entre 10 e 18 anos e os demais 88, menores de 10 anos.
Das entrevistas que realizei aleatoriamente com 70 habitantes adultos foi possível delinear algumas características dessa população. Quanto à procedência regional, encontrei pessoas vindas, em sua maioria, do Nordeste (36) e Centro- Oeste do país (30). No que se refere ao nível de instrução, 20 eram analfabetas, 18 tinham o curso primário incompleto, 15 tinham colegial incompleto, quatro o colegial completo, e outras 13 informaram saber ler e escrever. De todas elas, apenas 10 não eram médiuns desenvolvidos na doutrina ali praticada mas pelo menos um membro de cada família era adepto da ordem religiosa.
Sobre as atividades econômicas dos entrevistados, 20 exerciam atividades domésticas na própria residência, 13 prestavam serviços dentro da comunidade como domésticas, costureiras, cabelereiras, pedreiros, prestadores de serviços gerais esporádicos; 20 não tinham emprego definido e prestavam serviços fora do Vale; 15 tinham emprego fora do Vale e 8 eram aposentados por doença ( dos quais 6 prestavam serviços eventuais). Destes entrevistados, 12 já pertenciam à ordem religiosa antes do seu estabelecimento no Vale do Amanhecer.
com respeito ao padrão de vida dos habitantes do Vale pode-se dividi-los em dois grupos distintos. De um lado, um grupo menos numeroso de pessoas de nível médio de instrução, com emprego fixo ( alguns funcionários públicos em Brasília), cujos salários permitem casas mais amplas e equipadas com mobiliário doméstico e comodidades de consumo tais como aparelhos eletrodomésticos- algumas até proprietárias de carros. Dentre estas, os familiares dos líderes da comunidade. Do outro lado pessoas analfabetas ou apenas alfabetizadas sem emprego fixo, vivendo em casas cujo conforto não ia além de uns poucos e rústicos equipamentos domésticos. A maioria destas acompanha a Clarividente desde a comunidade que foi instalada na Serra do Ouro, antes da criação do Vale.
A comunidade nada produz para seu sustento, exceto roupas rituais, sendo abastecida pelas cidades próximas. cada família vive independentemente, não havendo redistribuição da renda ou fundos de auxílio aos mais necessitados. A ordem religiosa é mantida pela renda obtida através da oficina de costura, que fabrica as roupas rituais, de lembranças para serem vendidas, da participação na exploração do restaurante, da lanchonete, da livraria e de uma pequena oficina mecânica, além da contribuição voluntaria dos médiuns, que em junho de 1976 era CR$ 10,00 ( dez cruzeiros), e de eventuais contribuições de membros mais ricos da ordem religiosa.
A vida social se desenvolve naquela comunidade como em um bairro de periferia ou vila de subúrbio de cidades brasileiras. Enquanto a maioria dos maridos saem para trabalhar, as mulheres ficam no Vale cuidando dos afazeres domésticos, visitando-se vez por outra, ajudando-se quando há festa, trocando favores. As crianças da creche, quando não estão em aula, brincam pelas ruas com os filhos dos outros habitantes ou no pátio do orfanato ou assistem à televisão em cores em um salão nas dependências do orfanato, sentadas em bancos de madeira. Algumas crianças das famílias de maior renda frequentam escolas em Planaltina, entre elas os familiares da Clarividente. Quando há festa de aniversário de alguma criança, filha de um dos habitantes do Vale ou residente no orfanato é sempre pretexto para se fazer um baile infantil, quando as crianças brincam e dançam ao som de músicas da moda. ÀS vezes esses bailes são feitos de forma espontânea pelas crianças do orfanato, sem nenhum pretexto aparente. Em algumas ocasiões, moradores do Vale vão ao Plano Piloto de Brasília assistir filmes, jantar, visitar parentes e fazer compras. Observa-se certa agitação entre os membros da comunidade nas vésperas das grandes solenidades, quando as roupas rituais têm que ser preparadas, o templo ornamentado, enfim, providências devem ser tomadas. Alguns médiuns não-residentes, que se propõem a ajudar nos preparativos vêm, então, ao Vale em horários não habituais.
A comunidade é dirigida pela Clarividente e pelo secretário geral da Ordem Espiritualista Cristã, a partir de um código informal de lealdade e reconhecimento consensual de autoridade e liderança. A atribuição de responsabilidades e tarefas é privilégio do casal de líderes. Os habitantes acatam tais determinações bem como a interferência dos líderes em seus problemas pessoais. Certo número de pessoas se aproxima dos líderes prestando-lhes favores pessoais e recebido em troca privilégios de autoridade menor. A maioria dos habitantes, entretanto, mantem-se distante, participando apenas dos trabalhos religiosos, não interferindo no destino da comunidade ou da ordem religiosa.
A cargo dos filhos e genros de Tia Neiva ficam assuntos de ordem comunitária como problemas no relacionamento, designação de área para habitantes, planejamento habitacional, ligação de luz elétrica para residências, funcionamentos de cantinas, manutenção da ordem. As decisões consideradas importantes, entretanto, são tomadas pelos líderes.
Desde sua mudança para a área atualmente ocupada, a direção da Ordem Religiosa não mais aceitou médiuns residentes, abrindo exceção para casos muito particulares, limitando, assim, o número de habitantes da comunidade. Um projeto de construção de casas de alvenaria estava sendo iniciado em 1976. Algumas dessas casas estavam sendo construídas pelos já residentes que se responsabilizavam pelos custos das obras,. Outras estavam sendo custeadas pela Ordem, que pretendia vendê-las ou aluga-las para médiuns que vivem extra-muros, que poderiam passar temporadas ou apenas finais de semana no local. Em março de 1977, várias dessas casas já estavam prontas e habitadas por membros já residentes, em substituição às suas casas de madeira.
A Cura no Vale do Amanhecer- pag. 38 a 41.
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