Haviamos voltado, a Clarividente e eu de um atendimento a um desencarne. Desta vez eu tivera oportunidade de acompanhar, quase visívelmente, os lances da morte nos dois planos. No lado humano, visível à interpretação sensitiva, o fato comum e desagradávelmente rotineiro de morte num hospital. um quarto limpo., branco, higiênico, parentes comjungidos e todos os recursos da ciência médica sendo aplicados. Era evidentea inutilidade daqueles esforços e admirável dedicação dos médicos e enfermeiras. Visível, também, era a atitude bem humana de falsa esperança, como se a morte fosse uma anormalidade, um fato que não podia acontecer. Piedosas mentiras circulavam a todo momento.
Visto pelos olhos da Clarividente, o lado espiritual era totalmente diferente: atividade incansável dos Mentores e Guias. Médicos espirituais se revezavando junto à paciente. dezenas de espíritos presentes, amigos e inimigos. O equilíbrio das forças invisíveis se se alternavam a cada instante. A Clarividente era o quartel-general, o centro da luta, embora sua atitude exterior fosse tranquila. não houvesse ela e esse quadro teria passado despercebido.
Sentia-me consciente da bendita ignorância de ser encarnado , extraordinário mecanismo de proteção. Se os circunstantes enxergassem pequena parcela da luta em andamento, perderiam o juízo. A cada momento eu recebia alguma informação confidencial do que passava e o fato estranho era a demora no sencarne. A moléstia era câncer e a paciente havia esgotado seus últimos recursos do plano físico. Por fim, foi assegurado o desncarne nas condições merecidas pala paciente e ela deu o " ultimo suspiro", com evidente alívio dos circunstantes. O pranto habitual foi discreto e condizente com um desencarne num grupo espírita, gracas a Deus...
´Tão pronto me vi a sós com Neiva, fiz-lhe a pergunta que me preocupava.
_ Por que, Neiva, porque essa demora? pelo que pude observar, o espírito da moça que desencarnou parecia estar sendo seguro artificialmente no corpo. É isso que eatava acontecendo?
_ Sim, Mário, isso mesmo. Até mesmo para mim, como Clarividente, a morte dessa moça foi uma nova experiência.
Há um ano que acompanho o caso de Luíza. Quando ela me procurou, seu desencarne já estava programado, mas sua aceitação das premissas das Ciência Espiritual foi tão grande, que seus Mentores.conseguiram mantê-la encarnada por mais esse ano. Com isso ela conseguiu treminar os reajustes com sua família espiritual e partir livre de compromissos assumidos com seus parentes encarnados, Graças a Deus!
_ Mas, então, Neiva, por que essa complicação de última hora? Você concorda comigo em que o caso foi diferente, não foi?
_ Sim, o caso foi diferente do que eu esperava. na hora eu estava tão empenhada na luta, que não pude perceber o que aconteceu. Depois meus Mentores me explicaram. A concentração de esforços no plano encarnado de Luíza, o reajuste com seus parentes e espíritos relacionados consumiu toda a disponillidade desse ano de trabalho. Com isso seus cobradores desencarnados mantiveram afastados, aguardando o retorno dela parra o plano deles. Luiza, porém, integrou-se sob a proteção da Corrente Indiana e seus Mentores conseguiram um " recartilhamento" do seu caso e, no lugar da vida umbralina, ela foi para as escolas de Maianti. mas a falange de seus cobradores, espíritos terríveis de eras remotas, não se conformou e tentou por todos os meios lavá-la com eles. daí a luta que se travou e na qual não faltou a caridade para com esses espíritos sedentos de vingança. Felizmente tudo acabou bem. Enquanto não se conseguia o equilíbrio de forças, ela foui mantida no corpo, fora do alcance da falange. Conseguido o " acordo" e dominadas as forças negativas, ela foi levada para Maianti, foi um belo trabalho da Corrente Indiana do espaço.
_ É, Neiva, isso me faz pensar muito na questão de tempo. Agora fico imaginando quanto tempo nós perdemos habitualmente em nossas , deixando tarefas por concluir.
_ De fato, isso é muito importante saber. A condição de encarnado oferece inúmeras vantagens que devem ser bem aproveitados e isso fica muito claro na Parábola dos talentos que Jesus nos deixou:
_ "Ai daquele que enterra seus talentos..."
Habitualmente a gente pensa que a morte simplifica tudo, mas é exatamente o oposto:" Ajusta com seus innimigos enquanto estiveres a caminho", diz o Evangelho, e isso é uma boa pedida...
Uma ocasião, fui chamada para atender um caso semelhante, só que a pessoa que ia desencarnar não era gente nossa. Tratava-se de uma senhora de boa posição social e que ntambém estava nas vésperas do desencarne, por câncer. Eu relutava em atender o chamado, que viera numa ocasião totalmente inoportuna. Tinha um filho doente, com febre altae alguns conflitos domésticos em andamento . meu afastamento de casa iria provocar revolta entre os meus.
O senhor que veio me buscar era um homem de uns 60 anos e bem vestido. Enquanto ele esperava na sala, me debatia com o problema de ir ou não, quando Mãe Tildes veio recomendar que não deixasse de atender, pois o caso iria exigir muita doutrina. Argumente com ela que eu não era Doutrinadora, mas ela continuou firme. Tive que ir, mesmo contra a vontade de meu pessoal.
O apartamento era luxuoso e a mulher, cujo nome era Blanca, conservava ainda traços de grande beleza, apesar do desfiguramento da moléstia. Quando chegamos, ela dormia sob os efeitos de um forte sedativo. A casa estava cheia de gente, parentes da doente, e eu me sentia um pouco tolhida em meio a tantos estranhos. esatava na porta do quarto, ainda indecisa, quando um razpaz de uns 19 anos, por nome Edu, segurou no meu braço e me levou para um canto da sala. usava barbas e cabelos compridos, característico dos " hippies", e tinha um ar pálido de cansaço.
_ Dona Neiva- disse ele- muito obrigado por ter vindo. Estamos todos aflitos aflitos e a situação aqui em casa é a pior possível.
- È disse eu, foi bom seu pai ter me trazido.
_ Não, Tia Neiva, não foi meu pai e sim meu tio manoel que a trouxe. meu pai é o culpado dessa situação e foi ele que "pintou" tudo isso. Meu tio, que é "bacana", é que está assumindo a responsabilidade e foi buscar a senhora.
Nisso aproximou-se uma moça com, mais ou menos, a mesma idade de Edu, e se abraçou com ele, chorando.
_ Esta é Eloisa, filha da doente.
A moça olhou-me com os olhos cheios de lágrimas e disse-me entre soluços:
_ A senhora é Tia Neiva? Oh! Por favor, tire essa macumba de minha mãe; o que será de nós se ela morrer?
Nisso ouvi um grito raivosos e outra moça que estava na sala, veio para perto de nós dirigindo-se a Eloisa e dizendo com voz alterada:
_ Muito pior é o que aconteceu à minha mãe! Com essa história de macumba, sua mãe arrancou o meu pai de perto dela e o pior é que a jogou num hospital como louca. isso é o que eles arranjaram- sua mãe e meu pai- com essa história de macumbas. Minha pobre mãe num hospício como doida varrida! Oh, meu Deus- minha pobre mãezinha!
E gritava feito louca. Eu, meio aturdida, procurava calmar os jovens que se agarravam e se agrediam. O senhor que me fora buscar veio em meu socorro. A muito custo separamos auqelas criaturas sofridas. Sem Manoel me pegou pelo braço e encaminhou para o quarto da paciente.
_ Seu manoel- disse eu- essas crianças estão completamente neuróticas!
Sentei-me num sofá perto do quarto de Blanca e ele foi acalmar os sobrinhos. procurei me equilibrar e, com auxílio de Mãe Tildes, fiu compondo o quadro daquela família.
De pronto prercebi que o miolo do conflito eram relações existentes entre a paciente Blanca e o irmão de Manoel, por nome Antone. Há muito que eram amantes e ambos haviam causado toda desgraça que se abatera sobre as duas famílias. o quadro formado era estarrecedor.
Seu Manoel despertou-me da visão, dizendo que a paciente havia acordade. Blanca ao me ver fez menção de levantar-se, mas, as forças lhe faltaram. No seu rosto esmaecido se notava traços de antiga beleza. Os olhos se destacavam com um brilho ensandecido e, com voz cavernosa, exclamou:
_ Tia Neiva, tia Neiva,Oh, tia Neiva- pelo amor de Deus, tire essa macumba de mim. veja o que fizeram comigo.
Meu Deus, pensei, vejo o quadro da morte e o único desejo que sinto é desmascarar essa mulher... Dominei-me de pronto e percebi, então, porque Mãe Tildes quisera minha presença ali. Sentei-me na cabeceira de Blanca e disse-lhe algumas palavras de conforto. Senti que ela se acalmou e prometi fazer todo o possível por ela. Ela reanimou e começou a falar.
_ Tia, tia, balbuciou, sei que a senhora é "vidente" e pode ver a porcaria que jogaram em cima de mim!
Enquanto ela falava, os que estavam na sala foram entrando para o quarto com ar de expectativa e Blanca, ao vê-los, aumentou a tom de voz.
_ Sim, tia, continuou ela, a mãe desses meninos sempre mexeu com macumba, e acabou num hospício por causa disso. Foi ela que fez isso comigo.
Diante da veemência da doente, uma das moças, Marcela, fez menção de reagir e eu, percebendo sua intenção, fiz-lhe um sinal para que não falasse. Prometi a todos que cuidaria do problema, que iria estudar melhor o assunto e, que voltaria no dia seguinte. pedi-lhes que me aguardassem reunidos.
Ai sair pedi a Marcela que me acompanhasse até minha casa. Evoquei as forças do Oriente, e deixei todos mais tranquilos. sabia, então, que estava bem no meio de uma verdadeira guerra, e pelos espíritos cobradores presentes no ambiente, vi que aquelas pessoas estava longe das bênçãos de Deus.
Eram seis horas da tarde. O crepúsculo alaranjado, de Brasília parecia um gigantesco incêndio celestial. Meu coração doía por aquela triste gente.
Manoel levou-me para casa em companhia de Marcela, a moça que tentara agredir a filha de Blanca. Aos poucos, ela e Manoel foram me contando o enredo complexo: " Antone era um próspero comerciante de Copacabana, casado com Kátia, que estava internada no sanatório para doentes mentais. Tinham três lindos filhos: Edu, Marcela e Mara. as relações entre as duas famílias eram de grande amizade. Blanca, muito bonita e irrequieta, se tornou amante de Antone, e largou o marido, de nome Aluízio. Esse, totalmente desnorteado, acabou por morrer num acidente estranho, havendo suspeita que a morte fora provocada por Antone. Kátia, desconfiada da infedilidade de Antone, e abatida pela morte de Aluízio, teve seiu sistema nervoso abalado e,nesse estado de fraqueza, foi assediada pelo espírito de Aluízio, que se tornou seu obsessor. Blanca, maldosa e enciumada, dominando completamente Antone, insinuou que Kátia mexia com macumba, que seria o motivo de sua loucura. Sua capacidade persuavisa era tanta que, todos até os p´roprios filhos de Kátia, acreditavam. Kátia teve o triste destino de um hospício".
Com eesa vida de irresponsabilidades, as famílias se dispersaram e viviam à mercê das circunstãncias. Edu, mara e Marcela perambulavam pelas praias cariocas e se tornaram " hippies" à moda nacional. Blanca, sempre tramando, acabou convencendo Antone a se mudar para Brasília, e os três, ela, Antone e Eloísa passaram a viver juntos.
Quando a moléstia começou a se manifestar, Antone, ainda mal adaptado ao comércio de Brasília começou a gastar a fortuna acumulada e asua situação atual era a pior possível. Ao ficar patenteado o Câncer, Blanca entrou num quadro terrível de sofrimento e revolta. Com sua língua viperina, acusava a todos de sua desdita e a pobre Kátia, recebendo suas vibrações envenenadas, piorava acada vez mais. Manoel, penalizado de Eloísa, veio para Brasília, e os filhos de Antone vieram logo em seguida. Havia apenas uma semana que estavam reunidos, atraídos pelo invisível rejuste espiritual.
Ao chegar à casa encontrei meu filho ainda ardendo em febre e tomei as providências necessárias. Sabia que no dia seguinte teria que enfrentar a situação e encaminhar àqueles espíritos atribulados. Quando consegui um pouco de tempo, analisei a situação, junto com Mãe Tildes, e a conclusão a que chegamos foi que só a morte de Blanca iria dar oportunidade ao restabelebcimento de Kátia. Procurando ver melhor o quadro da pobre mulher acabei por encontrar um quadro paralelo que mais agravou a situação. Kátia também tivera um amante, um pianista de nome Evandro, que atualmente estava à beira da morte por tuberculose. Kátia apaixonara-se por ele, numa época em que Antone viajava pela Europa e ele era o verdadeiro pai de Edu.
No dia seguinte, ncaminhei-me para o apartamento de Blanca, como quem vai para uma maloca de marginais. Quem mais sofria era Antone, que se via despojado de sua fortuna e da afamília. A mais culpada, porém, era Blanca, que enveredara opara a tortuosa senda da malidicência e minha difícil missão era trazer aquele espírito à razão. Enconrtrei a família toda reunida. Blanca apresentava alguma melhora e foi a primeira a falar:
_ Tia Neiva, sei que a senhora, com seus poderes , afastou essas macumbas que Kátia jogou em mim. Já não sinto dor. A senhora tem que me curar e fazer com que Antone volte a ser o que era. Não tolero mais o desprezo dele. Tia Neiva, me ajude.
Mobilizei toda a minha força de amor que pude e, com voz firme procurei despertar aquele espírito desvairado.
_ Blanca, Blanca, acorde para a realidade. Não existe macumba alguma em sua vida, nem Antone a despreza. volte um pouco para dentro de você mesma e veja a situação em que você a Antone colocaram suas famílias. Quanto mais você culpa a pobre Kátia, mais você terá que enfrentar sua própria consciência queira ou não. não adiante culpar os outros de seus próprios desatinos- nem Kátia, nem seu falecido marido são culpados do seu comportamento. Não queira justificar seus atos pelo procedimento dos outros!
Ao falar, sentia certa tontura, pois estava carregada de ectoplasma, e só esses fluidos poderiam atingir aquele espírito dementado pelo egoísmo e ciúme.
Nese ponto interrompi a narrativa de Neiva:
_ Não estou percebendo bem onde essa história que levar. No caso de Eloísa o quedro era nítido, quer dizer, ela não havia se reajustado com espíritos desencarnados e esses apareceram na última hora para cobrar. mas, e o caso de Blanca? está me parecendo um drama conjugal comum. não consigo entender como uma simple infidelidade pode provocar tanta tragédia.
_ Mário, Mário. procure ver as coisas com mais profundidade. Quando os líderes religiosos do passado condenaram o adultério, eles tinham razões mais amplas do que o simples contato carnal. O problema não é apenas sexo. Quando um casal ingressa nesse quadro, quaisquer que sejam suas justificativas, eles passam a ver um mundo mental complexo e falso. A mentira se torna a norma de suas vidas. com a falta do elã afetivom eles são presas de quadros mentais de toda espécie. Como conseqûência, os filhos se afastam do convívio e se tornam descrentes da família. Até certo ponto eesta situação, que se cria com a prosmicuidade conjugal, afeta apenas o plano humano e social. Até aí- o problema é comum e a sociedade como que se adaptou a essa situação. os jornais e revistas estão cheios desses acontecimentos e isso parece não afetar muito a exist~encia humana.
O verdadeiro problema começa, Mário, é no campo mediúnico e cármico. A displicência mental leva a ligações com espíritos sofredores e possibilita o acesso aos obsessores. Desenvolve-se, então, a mediunidade angustiada, com toda a gama de absessões e doenças, que tão bem nós conhecemos em nosso trabalho. A família se torna joguete do mundo espiritual negativo e o desespero passa a ser a norma de viv~encia.
Esse, Mário, é o queadro com que eu me defrontrava na casa de Blanca. Todos passavam por dores profundas mas não porque houvessem recebido essa ou aquela injustiça do outro, mas sim, porque estavam saturados de fluidos pesados, ect´plasma deteriorado e assédio de espíritos cobradores.
As ligações mentais com base no ódio, permitiram as possessões mútuas com toda a gama de sofrimentos que esse fenômeno espiritual causa. È por isso que minha principal ação ali, não era moral, mas , sim tecnico- mediúinica. falava em voz alta, para fazer com que meu ectoplasma atingisse cada um. Aos mais afetados eu procurava falar junto ao rosto, e meu arrazoado visava principalmente manter suas mentes num padrão alto. Com isso ia conseguindo abrir as antenas de cada um para a sintonia com seus respectivos de cada um para a sintonia com seus respectivos Mentores e Guias.
_ Essa não entendi muito, Neiva, essa de abrir antenas. Explique melhor...
_ Mário, os seres humanos envolvidos na própria problemática da vida, usando apenas a razão ou os sentimentos afetivos, vivendo intensmente e vida de relação, tornam-se cada vez mais " humanos", mais " físicos", mais "concretos", em última análise : eles ficam tão imersos na faixa física que nenhuma influência das faixas superiores consegue atingi-los. A atmosfera em torno deles é tão densa que os Mentores não conseguem fazer chegar às suas mentes saturadas as mensagens adequadas. Eles são fechados às influências espirituais.
_ Mas, Neiva, isso continua um pouco obscuro. Nós aqui no Brasil vivemos envoltos num clima religiosos, em todas as faixas. Praticamente existem aqui todas as religiões do Mundo e é raro o indivíduo que não creia em coisa alguma. Na própria família de Blanca eu tenho certeza de que se pergutassem, todos se afirmariam crentes em Deus e até alguns seriam frequentadores de algum culto religioso. E essas " antenas" Neiva, não estavam servindo?
Apenas na aparência, Mário, Na verdade, a atitude religiosa entropomórfica. Em vez do ser humano se tornar divino, a divindade se torna humana.
Mário, foi bom você frisar esse assunto. Se as pessoas compreenderem isso na sua simplicidade irão conseguir mais alívio para o sofrimento e a humanidade pode sair dessa falsa situação. Por aí, você irá entender porque se tornou tradição as pessoas só procurarem o Espiritismo ou outras doutrinas, quando estão com dor, quando estão sofrendo. A dor, o sofrimento, e s desilusão. a descrença na solução dos problemas com os meios que a sociedade oferece , enfim, quando o ser humano atinge aquela faixa que antecede os suicídios, ele, então, se dá por vencido, e, na sua " entrega",enfraquece a resistência e o" divino", ou seja, a faixa menos densa, o Mundo do eespírito consegue acesso a ele.
Mas, o importante, é que essa mesma faixa, essa mesma receptividade aos Planos Superiores, pode ser atingida sem ser, necessariamente nesse ponto. È por isso, que absurdamente a gente encontra pessoas mais felizes, mais realizadas nas camadas mais pobres, mais simples da sociedade. O problema é que antes de atingir essa faixa o ser humano compromete-se muito, e, às vezes, não consegue mais a solvabilidade necessária.
Mais um ponto obscuro, Neiva. Como é que se processam esses compromiossos?
- Para você entenedr isso, é preciso compreender o que se chama de " mundo espiritual". Nós. habitualmente chamamos de espiritual tudo o que não é do mundo dos sentidos, do mundo físico, não é verdade? Tudo que é fenômeno que não se explica pela razão. pelo conhecimento científico a gente chama de " sobrenatural". Entretanto, poucos desses fenômenos são relalmente espirituais. . Na verdade, é muito rara uma relação afetiva com o mundo do espírito. O que nós chamamos de relação afetiva com o mundo do espírito, são apenas relações com o mundo do invisível que nos cerca, o mundo físico que não é palpável, visível ou mensurável.
È o mundo onde ficam as " psiquês" dos desencarnados, quer dizer, seres humanos como nós outros. ,mas que não dispõem de um corpo físico, dos sentidos e do mundo das relações sensoriais., e esse mundo é tão concreto quanto o nosso universo físico e tanto ou mais atuante. A diferença é que não o vemos, embora sintamos seu efeito a todo instante.
Numa analogia um pouco precária, nós podemos comparar esse mundo com o mundo dos microorganismos, dos micróbios. Nós não os vesmos, somos pouco conscientes da existência deles, mas a toda a hora sentimos os efeitos deles em nossas vidas. Ora, se você não se alimenta, enfraquece sua reistência orgãnica, você imediatamente é atacado pelos micróbios e fica doente , não é verdade? Assim também é com relação ao " mundo espiritual" que nos cerca.
È assim que estava a família de Blanca. Estavam " doentes"e o que levei basicamente foi a "cura" mediúnica., fluídica, ectoplasmática. Fui aliviálos dos " compromissos " feitos inconscientemente devido à forma de se comportarem. Sem esse trabalho, Mário, pouco adiantaria minha situação moral, meus conselhos ou minha Doutrina. Isso é básico em nosso Espiritismo.
O Mestre Jesus pouco falava, mas curava muito. Seus apóstolos e seus seguidores agem da mesma forma. Primeiro, é preciso curar, aliviar. Sem o afastamento dessas nuvens negras, desses fluidos pesados e espíritos sofredores, o ser humano tem suas antenas embotadas, tem pouca possibilidade de receber as mensagens dos seus Mentores e seus Guias. È a isso que o mestre Jesus se referia quando disse que não deveríamos jogar pérolas aos porcos.
Não adianta, Mário, você fazer uma bela doutrina, falar de coisas do Céu , se a quem você se dirige está saturado. Ela vai apenas transformar sua mensagem em mais um alimento para a sua digestão grosseira. É mais uma religião que se transforma em vivência psicológica mas inóqua. È por isto que, constantemente você encontra pessoas que falam de complicadas filosofias, religiões e iniciações; dão aaparência de serem grandes iniciados, mas não passam de pobres seres humanos que ainda não equacionaram suas vidas.
_ Mas, Neiva, o negócio está ficando muito complicado. Como é que podemos transmitir essa mensagem, dar às pessoas a capacidade de "sintonizar" suas "antenas", antes que ingressem nos quadros de dor e dofrimento?
_ Pela simples adcertência quanto a mediunidade. A coisa mais simples que existe para se entender. Qualquer pessoa que, seja culta ou não, pode entender isso independente de Espiritismo. Afinal, nós temos que admitir que o espiritismo não é aceito universalmente, mas isso não nos dá o direito de excluir o resto da humanidade de seus benefícios. Tenho certeza de sque se falarmos em termos de mediunismo, como algo natural e inerente a todos os seres humanos, nossa Mensagem terá muito mais receptividade e teremos aliviado muitas dores.
_ Quer dizer, Neiva, que qualquer ser humano tem possibilidade de encontrar maneira de viver, ser felis, realizado, útil, achando que a vida vale a pena viver, enfim, viver a vida como ela foi planejada pelo Criador?
_ Não, Mário, não é bem assim. Ser feliz e realizado não é viver segundo um estereótipo, um padrão estratificado. Ser feliz é viver segundo o fluxo da própria vida de cada um. È viver conforme o padrão único e individualizado de cada ser. A felicidade padronizada é utopia. Cada ser tem que necessariamente que encontrar seu próprio caminho, sua própria maenira de ser, sua posição exata no conjunto universal. E é esse exatamente o ponto focal do contato espiritual com os Mentores e Guias, O ser humano é transitório e seu percurso é limitado. As densidades das leis que regem esse percurso não lhe permite "ver" o princípio nem o fim ; Ele não sabe, na simples qualidade de ser humano, de espírito encarnado, de onde veio e para onde vai. Mas, seus Mentores, seus Guias têm a visão mais ampla, não são cerceados pela Lei Densa, têm um descortino maior. O problema assim, se simplifica. Em vez de gastarmos nossa energia mental e psíquica na elaboração de complicados esquemas é muito mais simples receber o esquema pronto de quem sabe.
Ora, se aceitarmos s reencarnação, somos obrigados a admitir que aqui estamos segundo um esquema, um plano. Nosso problema é ter aceso a este esquema e isto é que é sintonizar as antenas espirituais. Com isto o ser humano não abre a mãos de seus privilégios, de sua liberdade, ele recebe o "mapa " de sua vida, o "roteiro" para essa existência. Quanto a segui-lo deve obedecer a este esquema, isso fica a critério dele. Nada é compulsório e o livre arbítrio é um dos maiores privilégios do ser humano. Mas, é preciso sempre saber distinguir o que é do espírito, da partícula divina individualizada, e o que é da personalidade, da psiquê, do transitório, do perecível:" não acumuleis tesouros na Terra "o Evangelho é bem claro...
_ É, Neiva, assim acho que posso entender. Chego a conclusão que o nosso problema é de "desconfiômetro", de tomar cuidado com o mundo ilusório da da predominância do nosso "ego", daquilo que nós pensamos que sermos "nós". E com respeito a Blanca, como é que terminou a sua ação junto a essa família?
_ Com três visitas eu consegui afastar as correntes negativas e restabeleci a normalidade psicológica do grupo. Mostrei a eles que não existiam macumbas e afastei a idéia de que Kátia era a culpada das desditas deles. A concentração do ódio de Blanca em Kátia é que abrira seu corpo para o câncer e causara o desenqulíbrio em Kátia.
Com a "inversão", na corrente mental de Blanca, ela recuperou energias e resistiu melhor à dor, quer dizer, passou a sofrer menos. Com o afastamento das nuvens escuras da mente, ela conseguiu a lucidez necessária para ver seu comportamento negativo e mais receptiva, mais amena, mais compreensiva. Entretanto, o fato concreto de sua moléstia conseguiu para ela a compaixão das pessoas que tanto prejudicara. Quando a deixei ela já estava medicada e atendida pelas moças com todo o carinho. Onde havia atmosfera de ódio e ressentimento, passou a ter um certo amor e mais tolerância. Eloísa sentiu-se livre para se entregar ao amor que sentia por Edu e já se falava em casamento com naturalidade. Antone, aliviado da pressão em casa pode se dedicar mais aos negócios e conseguiu deter a onda depressiva. Consegui romper as correntes negativas emitidas contra Kátia e dei início a um trabalho na Magia para sua recuperação. Um mês depois, Blanca desencarnou com relativa tranquilidade e a família voltou para a Guanabara. Antes de partir, todos vieram me agradecer. Um dia,creio que alguns meses depois, Pai João me levou para assistir a um dos sermões que ele faz nos cemitérios.
Na primeira oportunidade, Mário, eu quero lhe descrever como é este trabalho de Pai João. É a coisa mais triste e mais bela do mundo invisível.
Naqueles dias o cemitério da Boa Esperança ainda não estava terminado e até o ambiente fisico era triste. Qual não foi a minha supresa quando encontrei Blanca entre os sofredores presos aos cadáveres! Aí então entendi porque Pai João me levara. Blanca ainda não conseguira se libertar dos laços de ciúmee ódios, e, ao me ver, ela me reconheceu... Lembrando da minha ação junto a ela, readquiriu consciência suficiente para aceitar a doutrina e pôde ser removida para as escolas do Espaço.
(Do Livro " Sob os Olhos da clarividente, Mário Sassi, 2ª edição, p. 153 a 165)
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