sábado, 2 de outubro de 2010

Histórias de tia Neiva: Daniel




È sempre enriquecerdor e gratificante termos conhecimento de histórias, casos e fatos que aconteceram na época de Nossa Mãe Mentora, a Tia Neiva de todod nós estava neste plano. Assim, nós" trabalhadores de última hora" temos a gostosa sensação de termos convivido com ela e ter recebido seu amor, suas zangas, suas orientações. Também temos a certeza da grandeza desta mulher que "se fez pequena para caber em nossos corações". Neste mês, que comemoramos a chegada desta abnegada servidora de Jeus a este plano, todas as homenagnes serão pequenas!
A história à seguir é contada pelo Mário sassi, em seu livro" Sob os olhos da Clarividentes, p.51 e nos mostra um tantinho do dia a dia de nossa Mãe, pormenores de sua intimidade e individualidade, que sempre servem de adubo para nossas vidas, para que nos desenvolvamos e crescendo possamos dar frutos em prol de nossa Doutrina e de nossos irmãos. Salve Deus, amados que leiem este blog e mais específicamente este texto, vamos nos aprofundar no conhecimento desta Criação Divina de amor, de abnegação, de doação... que possamos nos mirar neste espelho e sermos, quem sabe, uma fagulha de ste reflexo.

Eis a história:
O sol entrava pelas frestas das tábuas da " Casa Grande" e eu pensava comiogo: quando será que Neiva vai mandar consertar esses buracos? Nisso, ela entra na sala, falando em tom de raiva e pensei:" Pelo jeito, no mínimo matou um dos menin os..."
A Casa Grande era um milagre de arquitetura e decoração. Num lote-padrão de taguatinga, fdelizmente um lote de esquina, era um barraco alongado e esticado pelos quatro pontos cardeais. telhas de toda espécie, madeiras que já haviam conhecido outroas situações arquitetônicas, e outros materiais. Nela viviam exatamente sessenta e três pessoas, incluindo o cronista. As idades variavam de 1 a 60 anos, de ambos os sexos.
 Uma diferença de altura do assoalho e um tabique delimitavam o "orfanato" e a "casa de Neiva". Usava-se a palavra"orfanato", mas era proibido usar-se a palavra "òrfão" a não ser para o "Zé òrfão". ele havia chegado  junto com outros meninos, e, no meiodeles havia dois Josés. Um deles tinha perdido os pais e a turma se penalizou porque ele era órfão. Ligar a palavra"josé" com "órfão" foi a coi8sa mais fácil e daí a tradição de ser um orfanato que só tem um órfão...
Num instante neiva passou do ar nervosos para seu sorriso benevolente, tão pronto me viu. Sua disciplina era assim. Gritava como se setivesse posessa, mas só exteriormente. o amor que dedicava àqueles meninos era demasiado e, para disfarçar, fazia-se de "mauzona", como dizia ela.
Sentamos na sala de visitas, a única que tinha relativo espaço livre e onde se realizavam os bailes de sábado.
_Mário, disse ela, não sei o que fazer com tanto menino. Não tem mais onde por . hoje e manhã uma mulher queria deixar os seis filhos dela de uma vez.È lógico que recusei!
_ Mas, objetei, não é essa que a Gertrudes mandou atrás agora há pouco?
Ela disfarçou e passou a a outro assunto...]Era assim a casa grande. Tão grande quanto o coração de Neiva. Sempre havia lugar para mais um.
Nisso, pára um jipe na porta e dele desce um rapaz empoeirado, acompanhado de um  menino de uns 7 ou 8 anos.]_ A senhora é dona Neiva? Foi logo falando.
_ Sim, respondeu ela, o que o senhor deseja?
_ Sei que a senhora tem um orfanato e queria ser se fica com esse menino.]_ Que menino? - perguntou ela- e foi acrescentando, diante do meu olhar de mofa: não, não posso, não tenho mais onde pôr, o senhor me desculpe.
 Na sala estávamos só os três. Cheguei até a desconfiar que me havia enganado e que o homem descera só sem nenhum menino com ele.
Nisso, ouve-se um grito lancinante de criança e Neiva saiu correndo para o orfanato. daí a pouco chegou ela trazendo um menino pelo braço. Mirrado, calcinha rasgada no traseiro, nariz muito achatado, olhos negros e fundos, forçava para se livrar da mão de neiva.
_ È esse o menino de quem o senhor está falando? Muito obrigada, pode ficar com ele. Quem vai poder com um bichinho desses? Já quase quebrou a cabeça do Manezinho, lá dentro! Não, muito obrigada, pode levar os eu diabinho!
Neiva largou o menino e o rapaz contou sua história. O menino solto começou a futucar o velho aparelho de TV existente na sala. meu sangue começou a subir à cabeça, tal o medo de ter que consertar pela quinta vez aquele histórico aparelho do tempo pioneiro da televisão.
_ Dona Neiva, a senhora vai-me perdoar por insistir. Sou pobre    , tenho um pequeno sítio em Cavalcante, no interior de gíás, que pertence à min ha família há muito tempo. A terra é pobre e mal dá prá gente viver. Tinha um epssoal que morava á há algum tempo e eles tinham muitos filhos. O pai da família deu p'rá beber cachaça e um dia deses acabou morrendo numa ponta de faca. As  crianças ainda eram pequenas e a mãe delas ficou meio doida com isso. Mas iam vivendo ao Deus- dará e as crianças ficaram soltas no sítio. um dia deu u8ma cesso de loucura na mãe e ela passoua a mão num machado e matou as três meninas. daniel, aqui, que era o menorzinho, com uns quatro anos de idade, ia ser o último a morrer, quando acudiram. levaram a mulher para um  hospício e só restou o daniel,k que eu passei a criar junto com os meus filhos. O problema agora, dona neiva, é que não estou dando conta de ficar com ele mais. já fiu ao juizado de menores mas eles não t~em onde colocá-lo. Lá me disseram que a senhora aceitava, e vim pedir-lhe essa caridade. daniel está acabando com o sítio. Já matou galinhas, porcos, destrói tudo que encontra, briga com todo o mundo, some no meio do mato e fica dias desaparecido. Canso de receber reclçamações dos vizinhos e tenho medo que um dia desses aconteça algo pior. faz favor, dona Neiva, me ajude.
 Nisso, Gertrudes vem chamar Neiva para o interior da casa e eu fico a sós com o homem. Nessa altura, daniel já tinha conseguido tirar a tampa traseira do televisor, mas, para meu alívio, se desinteressou do aparelho e se entretinha em desfolhar4 uma velha avenca de um vaso.
Impressionado com a história e também receoso de que Neiva resolvesse aceitar o rapaz, fiu procurá-la.
_ Vocês está doido, Mário? é lógico que não voua ceitar o menino! Onde é que vou pô-lo! E você acha que sou suficientemente louca para pôr esse menino junto com os outros?
Nisso, ouvi o ruído do motor do jipe e respirei aliviado. Graças a Deus o homem desistira de insistir. encaminhei-me para a sala e a primeira coisa que vi foi o televisor virado em cima da mesa e o Daniel a mexer no seu interior com os dedinhos gretados de terra preta! O homem se fora e o deixara para trás!
Passaram-se cinco anos! A ccasa Grande, hoje, é apenas uma recordação, um barraco alugado em taguatinga. Atualmente existe no vale do amanhecer é um  enorme dormitório chamado " orfanatão". Nele dormem uns 120"meninos" e outros tantos dormem no " quartel" ou na nova " casa grande". Ao todo são mais de duzentos, fora os em trânsito...
José Ferreira de Brito, "seu Brito", tem a mania de meninos. Tia Neiva tem a mesma mania, os dois se entendem muito bem. Todo dia ele chega p'rá Neiva e diz:
_ Neiva, chega de pôr meninos no Orfanato; eu não dou conta!
_ Mas, Brito, diz ela, com calma, e, não foi você quem mandou aquela mulher aqui, hoje cedo, com aqueles três pretinhos?
_ Eu!? respondeu ele; eu não mandei ninguém trazer crianças p'rá cá!
_ Mas, brito, diz ela com calma, ela truxe até um bulhete seu!
E assim a discussão continua até uns quatro anos mais ou menos...
e duzentos e tantos " meninos" de ambos os sexos, de 1 a 20 anos...
Oito horas da noite no vale do Amanhecer. Gente p'rá todo o lado, Mediuns de retiro com  seus uniformes queridos. gente que conversa animadamente em todos os cantos da complexa casa Grande, rádios e televisores pipocam em toda parte numa cacofonia impressionante.
"seu" Brito´pára o carro no pátio e desce apalpando com carinho o cinto apretado de homem que atravessa a casa dos 40ç.
Daniel se aproxima dele e os dois se cumprimentam afetuosamente. Entram para a sala de visitas. Um homem grande e um homenzinho. daniel tem uns doze anos. A mesma voz um pouco agarrada na garganta. O mesmo olhar inquieto verificando tudo que cerca. A roupa estriada de poeira do vale. Sentam-se ambos.
_ "Seu" Brito, diz Daniel, a professora hoje disse que já posso ir p"ro ginásio- sabe, hoje ganhei um prêmio!
Brito passa-lhe a mão na cabecinha despenteada. Um visitante sentado na sala olha para ambos e Brito explica:
_ Daniel, aqui, é meu secretráio. 

    

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