quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O Velho Lino- você conhece esta história?

          
O velho Lino

Ninguém sabia seu nome completo até o dia em que foi necessário verificar seus papéis para se enterro. Conheciam-no apenas como o " velho Lino".
Ele chegara à UESB por seus próprios meios, mas tão doente que foi logo encaminhado para o modesto " hospital". O Diagnóstico foi de cirrose hepática, sem possibilidade de recuperação. assim mesmo durou alguns meses e, durante todo esse tempo, Neiva cuidou dele com carinho e afeição.
 Na sua Clarividência ela ia vendo seus quadros e relatava a ele. Seu corpo era todo inchado pela perniciosa moléstia e sua pele tinha um t om esverdeado que causava repgnância. isso tudo era agravado pela sua boca desdentada. Mas o velho Lino quase não se queixava. Dia a dia ele ia morrendo com a tranquilidade dos que se acham "em casa". Entre ele e Neiva havia amizade e respeito. Os dois tinham longas palestras que ninguém entendia.
   Alguns meses depois de sua morte, Neiva sentiu saudades dele. Só então se dera conta de sua solidão, em meio a multidão que vivia. Afinal, o velho Lino tinha sido um bom companheiro na visão dos caminhos que conheciam pouco.
   Lembrou-se então de seus transportes e pensou que talvez tivesse notícias dele. Com essa idéia em mente encaminhou-se para sua " plataforma de contato" e lá sentou-sea espera.
  Sua concentração foi tão natural e impercepetível, que até se assustou um pouco quando ouviu a voz familiar de Jhonson  Plata a lhe dizer" salve  Deus"!
  Já fora do corpo, ela respondeu, e ele foi logo dizendo:_ Vamos Neiva, vamos que está na hora de encontrar o velho Lino!
   Ela ficou meio encabulada, talvez  devido à maneira que eles conheciam seus pensamentos e sentiu certa relutância em aceitar o convite. Ao ouvir o nome do Velho Lino mencionadao por Jhonson, com seu ar nobre e saudável, perdeu parte do seu entusiasmo. Na sua emnte passaram quadros do últimos dias de sua vida e do cadáver inchado daquele velho de setenta anos. Mas, imediatamente, sentiu vergonha de seus pensamentos e seguiu-o sem mais comentários.
   A chalana pousou suavemente numa espécie de plataforma iluminada.
   saíram da nave e se encaminharam por um longo corredor, que terminou num parque iluminado pelo luar. No meio do terreno, tapeçado de uma erva que reverberava à luz da Lua e pontilhado de àrvores simétricas, erguia-es um enorme edifício que se alongava para os fundos do parque. Ela ficou olhando aquelas àrvores que sempre lhe chamavam a atenção pela simetria.
   Para ela, que gostava das flores de plástico da Terra, elas parecviam ser de plástico colorido. Reparou também que em todas elas estavam dependurados medalhões com inscrições que ela não distinguia. Estranha música no ar, mas Neiva não tinha muita certeza que se tratasse de música. parecia mais ums om agradável, um zumbido modulado, Johnson quebou o silênci:
   _ Aqui, Neiva, é um hospital de recuperação da Casa Transitória e também o ponto de partida para Capela. Apontou para um lado que Neiva ainda não olhara e ela viu várias naves de grande porte, que se pareciam muito com os zepelins da Terra, só que tinham enormes janelas, cuja luz amarelada se destacava na luz branca do luar.
   Chegaram ao saguão do enorme edifício e Neiva se preparou para o choque. Sentia saudades e um certo receio. Ficou olhando as pessoas que se movimentavam nos seus afazeres e, momentâneamente sozinha. Johnson e Eris convesavam com alguém junto a um balção. Nisso, ouviu seu nome e a voz do seu Lino, que a chamava. Levantou os olhos receosa e viou diante de si um homem que aparentava uns quarenta anos, cuo sorriso amplo revelava os dentes alvos e perfeitos. Trajava roupas semelhantes aos capelinos e tinha um ar saudável e desenvolto. Ela custou acreditar que estava diante do Velho Lino!
   Daquele pobre velho, inchado e desdentado, só restava o ar de serenidade e segurança que caracterizavam seu espírito evoluído. Ele estendeu a mão sempre sorrindo e olhando- a com ar carinhosos.
   _ neiva, que satisfação em vê-la! Queria muito lhe agradecer o tanto que você fez por mim, até meu desencarne! Tudo que sou devo a você e a UESB. Mas, principalmente, você, que me amparou com seu amor e seu carinho. Graças a Deus!
   Neiva estava tão emocionada que não conseguia falar.Sentia as lágrimas descerem pelo seu rosto e procurou, como fazia na Terra, um lenço para disfarçar.
   A diferença que se operara no seu Lino era fantástica. Há apenas alguns meses, até deixara um corpo esverdeado pela infecção como fruto apodrecido, um ser humano sofrido e pobre. A figura que tinha agora diante ede si era de um homem em plena forma e com a tranquilidade de um ser jhumano realizado.
   Pelo seu espírito passaram as mais variadas implicações, comparações, lembranças, doutrinas e tudo que aprendera. Quantas conclusões, quantas provas da multiplicidade do espírito, da veiculação variada, de corpos e personalidades ocupados por um mesmo espírito!
   E que pensar na fabuosa capacidade moldadora, na maleabilidade da matéria nos planos fora do físico? Ali, na figura esbelta do seu Linio, estava  prova viva de cada uma daquelas assertivas. Enquanto refletia, ia ouvindo os comentários de seu lino, trazido pelos médicos do espaço.
   Enquanto ouvia, percebeu que amentara muito a movimentação de gente em torno do edifício e sentiu certa curiosidade pelo que estaria acontecendo. Seu Lino apressou-se em explicar que aquele povo todo estava de partida para Capela, inclusive ele.
   Neiva compreendeu a razão de presença de todas aquelas naves. Viu que todas tinham grandes comportas, por cujas rampas pessoas iam e vinham. Era o embarque em andamento, como em qualquer aeroporto da Terra. Lino continuou falando e pedindo notícias do pessoal da UESB, mas os sentidos de Neiva estavam alertas para alguma coisa que pairava no ar, uma estranha expectativa. Notando seu estado, Lino apressou-se a lhe explicar que a curiosidade era em torno da espera de uma pessoa muito importante  que estava chegando da Terra. Tratava-se de um político do Brasil, muito conhecido e cuja influência fora muito grande nos destinos desse país, pois fora um ditador.
   Daí a pouco, chegou um pequeno veículo e pousou bem junto ao edifício. Dele saíram uns homens com roupas semelhantes a enfermeiros. levavam uma espécie de maca, e Neiva do ponto onde se achava, distingiu as feições transtornadas do homem. Subitamente, a palavra " ditador" calou em sua mente e ela deu um grito:
   _ Mas, seu Lino, exclamou , esse homem morreu há muitos anos e só agora que está chegando aqui?
   _ SSSim, neiva, de fato ele morreu há alguns anos, mas não cnseguiu se desligar dos seus compromissos cármicos e permaneceu na Terra, ligado aos seus interesses. Por muito tempo continuou entrosado com seus correligionários e ao magnetismo das mentes dos que o odiavam ou o amavam.
   Ultimamente, porém, ele estava se imiscuindo com a falange dos Falcões e os Mentores espirituais acharam por bem retirá-lo de circulação para que não se atrasasse. Era um homem honesto que se deixara influenciar pelo orgulho e a desonestidade de muitos de seus adeptos.
    As recordações de Neiva em torno do antigo ditador, cujo domínio do país fora exercido justamente em tempos em que ela era uma viúva jovem e lutando pela vida, misturaram-se com o quadro que acabara de presenciar e ela sentiu certo desenqulíbrio.
   Johnson então se aproximou e convidou -a gentilmente sase reequlibrar. Ela, um pouco envergonhada pelo lapso momentãneo, retomou sua compostura habitual. Johnson fez alguns comentários em torna da viagem e Neiva notou que alguns veículos já haviam recolhidos as rampas de embarque. Viu nas suas janelas iluminadas as sombras dos passageiros e Johnson comentou que eram espíritos que haviam terminado sua recuperação na Casa Transitória e estavam indo para Capela. A aparência entretanto era igual a uma plataforma de trens da terra com sua balbúrdia. " Assim na Terra como no Céu"., pensou ela...
   Nisso, seu lino apresentou suas despedidas e Neiva notou que ele estava muito alegre com a partida. Mais uma vez agradeceu tudo o que ela fizera por ele e disse: _ Deus lhe pague, Neiva, por tudo. creio que vai ser difícil a gente se encontrar nesse mundão para onde vou. Ela sentiu um aperto no coração e acenou para ele, que se encaminhava para uma das naves.
Uma a uma as naves foram decolando, silenciosas, e, aos poucos, o terreno foi ficando vazio. Johnson então pediu-lhe que aguardasse um pouco, pois tinha alguns assuntos a tratar ali e Neiva ficou pensando naquilo tudo, olhando a movimentação, agora bem menor. Mas a tranquilidade não durou muito. outras naves semelhantes às que haviam partido foram chegando. Só que desta vez se procedia um desembarque. Neiva viu que delas saíam espíritos nas piores condições, amparados por enfermeiros e médicos espirituais. Eram "mortinhos", como ela costumava dizer. Tomada de piedade exclamou: _ "pobrezin hos!"
   _ Pobrezinhos por que? perguntou Johnson plata, se aproximando. Essa leva de espíritos que está chegando resulta de um desencarne coletivo que acaba de se fazer na terra. São espíritos terríveis, neiva, ams que pagaram boa parte de suas dívidas contraídas na antiga Roma. Todos eles foram colaboradores  em torturas e queima de pessoas daquele tempo. Agora acabam de desncarnar no inc~endio de um circo no Brasil. na verdade, só agora é que vão realmente se recuperar totalmente dos carmas contraídos naquele tempo em Roma.
   Ainda há muitos deles na Terra, mas até 1984 todos estarão neste plano.
   Johnson continuou dando explicações enquanto olhavam o desenbarque e Neiva, agora sorrindo, pediu-lhe  que tivesse cuidado com tanta coisa, pois sua cabeça era muito pequena.
  Ele também sorriu e disse-lhe que ela teria ainda que absorver muitos fatos para o exercício da sua missão na Terra.
   _ Entre elas, Neiva, você irá agora receber as iniciações de um Mestre no Tibet, que Seta Branca conseguiu. Você irá aprender a Alta Magia no próprio Tibet!
   neiva revcebeu a informação e indagou de Johnson como é que ela, uma missionária, iria trabalhar com um "mortinho."
   _ Não. disse Johnson sorrindo, não se trata de um "mortinho", mas alguém de seu próprio plano e adequado à sua altura evolutiva, pois se trata de um monge altamente evoluído. Mas, continuou, por que esta sua intransigência com os que você chama de "mortinhos?" Não será isto influência do catolicismo, que proíbe a invocação dos mortos?
   Ela não fez comentários e ele continuou:
    _ è preciso a gente se lembrar que não existem "mortos", ams apenas recém chegados a um p-0lano e a outro. Num ponto,, talvez, os católicos estajam certos. os que aui chegam tem muito em que se concentrar e a invocação da Terra os prejudica.
   Pouco depois todos estavam  no interior da chalana, que decolou silenciosa em direção da Terra. Neiva permaneceu absorta, pensando em tudo que vira e ouvira. Despertou ouvindo um comentário de Eris em torno do Xingu. Para ela pereceu que naquele momento eles estavam passando por sobre esta região do centro do país.
   _ Ali, dizia Eris. estão os verdadeiros missionários de Deus.
   Ela não entendeu bem o que ele queria dizer com aquilo, mas deixou para se informar em outra oportunidade. Afinal, ela já tinha um bocado de informações para catalogar  na sua pequena cabeça!
   Eles se despediram com um caloroso " salve Deus" e Neiva sentiu frio, pois começava a cair uma chuva fina. Johnson continuou em sintonia pela sua vidência e recomendou a ela tomar um medicamento para a febre e que fosse logo para casa se abrigar da chuva. Ouvindoisto, ela disse, mais agastada:_ Po r que agora esta preocupação? Se o meu corpo estava aqui nq chuva, que adiantam esses cuidados agora?
   _ Não, neiva, respondeu Jonhnson. Enquanto seu espírito estava conosco, seu corpo estava protegido pelos nossos médicos e não corria perigo algum, pode estar certa disto. Agora, porém, você está entregues às leis do mundo físico e sua faixa cármica. Vá se cuidar.
   E, sempre sorrindo, desapareceu no campo de sua vidência.

Do Livro- 2000- A conjunção de dois Planos- Mário sassi- 2ª Edição

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